Costa do dendê, o maior produtor de palmito da Bahia.
Por Ricardo Pereira
O “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes): uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ou degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira (PRODETAB).
A origem da pupunheira ainda é controvertida, porém, segundo Clement (1988) é provável que o centro de origem do táxon Guilielma, grupo taxonômico que engloba as espécies silvestres de pupunha localiza-se no noroeste da América do Sul. Espécies desse táxon, foram distribuídas ao longo do sopé dos Andes, de Bolívia ao Panamá e uma destas espécies ou híbrido entre várias delas, deu origem à pupunha cultivada (Bactris gasipaes Kunth) que foi domesticada pelos Ameríndios (Clement, 1988).
No início do século 19, o naturalista alemão Carl Friederich Philipp von Martius registrou, em suas andanças pelo Brasil, de São Paulo ao Amazonas, nosso hábito antigo de apreciar palmitos: “Servindo-lhes de legumes, eles comem, e isso é geral entre os brasileiros, a parte macia das filhas não desenvolvidas (palmito) de muitas palmeiras, especialmente a juçara”. No livro Viagem pelo Brasil: 1817-1820, assinado em conjunto com seu companheiro de viagem, o zoólogo Johann Baptiste von Spix, Martius mapeou diversas espécies nativas da flora nacional, inclusive muitas das palmeiras que ainda hoje garantem palmitos no nosso prato, como a já mencionada juçara (Euterpe edulis Martius) e também o açaí (as duas espécies mais encontradas Euterpe oleracea Martius e Euterpe precatória Martius).
A primeira introdução de pupunha na Bahia aconteceu em 1960, no município de Ituberá, no Baixo Sul da Bahia, realizada pelo Engº Agrônomo Antônio Lemos Maia. Observando o consumo dos frutos nas ruas de Belém e tomando conhecimento da sua riqueza nutritiva, este agrônomo trouxe alguns frutos para a região, objetivando melhorar a qualidade da alimentação da população local. As primeiras mudas foram plantadas no quintal de sua residência.
Em 1974, o mesmo agrônomo trouxe nova quantidade de sementes de Belém, suficiente para o plantio de 7 mil pupunheiras, as quais foram plantadas na Fazenda Cultrosa, em Camamu, BA, com o objetivo de testar a palmeira para a fabricação de palmito (O Dirigente Rural, 1977). Devido a presença de espinhos e à pouca divulgação da pupunha para esta finalidade, não houve receptividade para produção de palmito, prevalecendo no entanto, a produção de frutos, que teve aceitação pela população regional.
Atualmente mais de 600 empresas rurais na Bahia já diversificaram suas atividades agrícolas com o cultivo da pupunheira para produção de palmito, cuja área cultivada está estimada em 4 500 ha, sendo 3000 ha em produção.
o Brasil perdeu a liderança para o Equador e para a Costa Rica que produzem palmito de pupunheira tecnicamente manejado e de qualidade superior. Porém, existe grande expectativa de se retomar a liderança no mercado externo, haja vista que, o cultivo de pupunha tem se expandido bastante nos últimos anos, principalmente na Bahia, São Paulo, Espírito Santo, e outros estados brasileiros.
O mercado mundial do palmito é pouco expressivo (US$ 65,6 milhões em 2002), tendo a França, Espanha e Estados Unidos como principais importadores. As estimativas de consumo no Brasil variam de 100 g a 940 g/ pessoa/ano, sendo esta última alcançada neste estudo, com base na POF/ IBGE 1996 e ajustada com dados recentes. No mercado interno predomina o palmito de açaí e o palmito de pupunha. Em 2003, os preços ao consumidor variaram entre R$ 20,46 e R$ 25,23/kg/vidro 300 g/tolete, com variações importantes: em São Paulo (capital) alcançavam valores 20% acima da média e em Belém 30% abaixo. A comercialização de palmito in natura é incipiente, mas crescente no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A diversificação do produto é baixa: palmito couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e palmito com picles são pouco freqüentes. Atualmente (2007) falta matériaprima em algumas regiões e os preços do produto estão elevados.
Especula-se que o mercado mundial do palmito alcança valores entre R$ 840 milhões (US$ 350 milhões) e R$ 1,4 bilhão (US$ 500 milhões)2 . Esses valores são razoáveis, considerando o segmento da produção agrícola (primeira cifra) e/ou o valor recebido pelas indústrias (segunda cifra). Porém, de acordo com as estimativas de produção deste estudo (160.000 t/ ano) e os preços médios do palmito pagos pelo consumidor final (R$ 21,00 kg/palmito tolete e R$ 13,00 kg/palmito picado) os valores podem ser bem maiores, em torno de US$ 900 milhões no Brasil, e US$ 76,8 milhões nos demais países estudados, em 20013.
A pupunheira se apresenta como uma alternativa sustentável para a produção de palmito. A primeira colheita pode ser feita dois anos após o plantio, enquanto a produção de outras palmeiras do gênero Euterpe inicia-se entre o sexto e oitavo anos de idade. Apesar do aumento da área plantada com pupunheira, a produção de palmito dessa espécie ainda é insuficiente. Só para atender o mercado interno seriam necessários 130 mil hectares cultivados com pupunheira (RESENDE et al., 2009).A pupunheira se apresenta como uma alternativa sustentável para a produção de palmito. A primeira colheita pode ser feita dois anos após o plantio, enquanto a produção de outras palmeiras do gênero Euterpe inicia-se entre o sexto e oitavo anos de idade. Apesar do aumento da área plantada com pupunheira, a produção de palmito dessa espécie ainda é insuficiente. Só para atender o mercado interno seriam necessários 130 mil hectares cultivados com pupunheira (RESENDE et al., 2009).
Portanto a produção da pupunheira cultivada na região Nordeste, especificamente no Sul da Bahia, se inicia por volta dos 11 meses, quando 30% das plantas estão aptas para colheita. Com 18 meses, aproximadamente, 90% delas já estão em produção. Nesta região, o número médio de plantas por hectare é de 7.000.
A implantação de povoamentos de pupunheira na região Sul da Bahia custa de R$ 12.000,00 a R$ 24.000,00 por hectare. Estes valores variam de acordo com as características de sitio, do nível tecnológico adotado pelos produtores e de acordo com o espaçamento utilizado. Em média, 79% dos custos são Aspectos do agronegócio do palmito de pupunha no Brasil 17 relativos a despesas com insumos, sendo que aproximadamente 40% destes correspondem a valores gastos com aquisição de mudas. Os valores que compõem esses custos se referem apenas às atividades agronômicas efetuadas exclusivamente para a implantação e manutenção da cultura em campo. Eles demonstram as despesas necessárias para plantio de pupunheiras destinadas à produção de pupunha para palmito. Assim, não foram incluídos, nos cálculos, os valores relativos à remuneração da terra e aos aportes financeiros para despesas administrativas ou investimentos em máquinas e equipamentos agrícolas.
Fontes:
https://www.ceplac.gov.br/radar/pupunha.pdf
https://www.ceplac.gov.br/radar/AGRONEG%C3%93CIO%20PALMITO%20DE%20PUPUNHA%20NO%20ESTADO%20DA%20BAHIA.pdf
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAfeuAAD/cultivo-pupunheira?part=3
https://www.ceplac.gov.br/paginas/pupunheira/download/Apresentacoes/ap(12).pdf
https://www2.uesb.br/ppg/ppz/wp-content/uploads/2017/07/Tese-leandro.pdf
https://asacolabrasileira.com.br/2015/11/18/palmitos-do-brasil/#.W0zEgjpKjIU
https://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/CT130.pdf